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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dicionário da família

Eu aposto que a sua família tem um dialeto próprio. Sabe aquelas palavras que são muito usadas e que as vezes você deixa escapar numa conversa com amigos e todos ficam te olhando sem entender nadinha? Pois é, nós temos muitas.



Vou colocando aos poucos, três ou quatro por vez. Fiquem a vontade para contar também as suas palavrinhas estranhas e tão usadas:


Tico-tico: Tudo começou quando estávamos numa situação em que uma pessoa de um buffet queria nos explicar que seu serviço oferecia muitos tipos de cada item. Mais ou menos assim: trinta e cinco tipos de salada, doze tipos de farofa, sete tipos de bolo, oitenta e nove pratos quentes, quatro tipos de feijão. Enfim, ao falar muito rápido e repetir muitas vezes, a palavra tipos, foi virando tipo, tipo-tipo, tipo, tico, tipo, tico-tico... 

Como a gente sempre prefere o básico. A qualidade primeiro e a variedade depois, acabou virando uma piadinha. É melhor uma alface fresquinha e bem lavada num churrasco, do que uma monte de tico-tico de saladas de três dias atrás, que fica da geladeira para a mesa... Deu para entender, né? 

Tem outros usos da palavra também, e uma variação: ticuticagem. Ficar cheio de ticuticagem é fazer doce. Fazer corpo mole. Se fazer de difícil. Fazer com má vontade. Também pode ser utilizado para quando a pessoa tenta supervalorizar o que é ou o que faz. Por exemplo, ao invés da Nathália ficar feliz com os acessos do blog, ficar falando que as pessoas que entram não se identificam, não comentam... só querem ficar FUXICANDO sobre a vida dos outros. Ué, eu que não fizesse o blog, então? Certo! Se eu fiz, foi por vontade e sabendo como funciona essa exposição. Caso eu ficasse com essas conversinhas moles... eu estaria de ticuticagem. Me poupe, né?



Genteeee: Nós falamos bastante gente, culpa da minha mãe, eu acho! Até assusta os outros, pobres mortais que não estão acostumados com esse exagero expressivo. Exemplo: Ao abrir a geladeira não tem alho. Então você solta um "Genteeeeeeeeeeeeee, acabou o aaalhoooo". Você pode estar sozinho, só com o marido, mas esse gente é como se você tivesse num estádio lotado e tivesse que contar para todo mundo uma coisa muito importante. A palavra gente existe, mas falar desse jeito, muda tudo. Gente, substitui, o nome das pessoas, serve para ser usado no lugar dos pronomes. É basicamente uma camiseta branca da Hering, dá para usar para tudo.


Birili: Utilizado para classificar a qualidade das coisas. Tudo começou quando meu pai comprou um DVD sem marca, totalmente desconhecida. Quando ele falou o preço, a gente começou a rir. Lógico que ele ficou bravo, não foi for mal não. É que tem coisas engraçadas. Ás vezes, o birili pode ter qualidade. Só que é meio difícil. Geralmente, birili é aquela coisa bem birili. Sei lá, pensa num esmalte normal:  colorama, impala, avon, passe nati, risqué, tem um monte. só que de repente você acha um totalmente desconhecido, compra usa e nem consegue lembrar o nome da marca... Que esmalte é esse? Sei lá, é um birili lá lindo que tinha na farmácia. Ou também pode ser comprei um chinelo birili, minha sandália arrebentou no meio do caminho. Ou ainda, nossa achei que era birili, nossa é super bom. A pronuncia é biri-li. Não tem acento, mas a ultima silaba é a mais forte. É a tônica. A reforma ortográfica é nossa e a gente faz o que quiser com ela.

Pitutagem: Eu estudei numa escola chamada "Petuti", isso voltou a tona e acabamos nos chamando de petutis. Todo mundo que mora, morou ou tentou morar (oi, mãe, entendeu a piada!) na residencia dos meus pais torna-se um petuti, pode também ser pituti ou petute, depende da intensidade. Só que nós algumas vezes somos um pouco atrapalhados, desastrados e engraçados. Tem pessoas que usam: serviço de português, tá fazendo ogrisse, deixa de ser baiano. Evitando essas expressões carregadas de racismo, xenofobia e pré-conceitos... criamos nosso próprio meio para dizer que o que está sendo feito podia ser feito de um outro jeito mais simples. Pitutagem é usado também para coisas relativas a nós, de todas as maneiras possíveis.



Traquitana: Acho que essa foi herança do meu tio Marcos, será que estou errada (help, mãe). Mais uma vez, o meu pai, sempre perseguido pelo restante da família. Mas, isso é amor. é o rei da traquitana. Acho que é de família. Traquitana é canquilharia, o certo é quinquilharia, mas nós falamos canquilharia, juntar treco, lixarada. Não confundir objetos sem utilidade com traquitana. Meu pai é o certo da traquitanisse, ou traquitanagem, só que o portão é sempre cheio de gente que vai buscar as coisas dele. Toda hora um quer uma enxada, um martelo, uma lanterna, uma bolsa térmica, um espeto da churrasqueira... Ele leva a fama, mas ninguém vive sem as traquitanas do meu pai.  


Estudar línguas e todas suas variações deve ser fantástico, né? É um universo sem fim. 
Como é gosto rir das coisas que a gente inventa para se comunicar.
As palavras mesmo sendo universais, tem sabores muito diferentes em cada grupo de pessoas.




4 comentários:

  1. Ha ha ha... Adorei esse arquivo Náaaaaa!!!! rsrsrs..Tem é dialetos pra postar dessa "casinha dos teds"... e da casa da vó então.... kkkkk entra ano e sai ano eles permanecem..agregam -se a outros e linguagem de casa se torna uma "piadisse" só!!kkk

    obs.. depois com tempo relembro alguns.. bjosss.. bora trabalhar. Bom dia petutada!!

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    Respostas
    1. Pois é, tia!
      Só os do meu pai que vai ser censurados.
      Depois tu me ajuda a lembrar alguns...
      Bom trabalho.
      Até segunda-feira.

      Nathália ;)

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    2. Só para confirmar, é a Tia Ana, né?

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