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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"Amamentação: dicas, troca de experiência e relato sincero"



"Determinação + Informação + Ajuda"  na minha opinião essas são as chaves para a amamentação exclusiva, em livre demanda, até o seis meses do seu bebê. Nos dias atuais a amamentação está cada vez mais escassa entre as mamães da nossa geração. Minha obstetra, Dra.Tati sempre me dizia que o mundo mudou: a mulher assumiu outros papéis na vida e com as mudanças vieram outras maneiras de viver. 

Nós, mamães, estão vivendo o auge de um mundo prático, descartável e veloz. Cada vez estamos menos  disponíveis a encarar situações que vão na contra mão da brevidade do nosso dia-a-dia.

Nesse tempo onde tudo é para ontem, amamentar é esquecer o mundo a sua volta, é esquecer da vida veloz e se entregar ao tempo de um recém-nascido que é completamente diferente.

Quando um bebê mama, ele ama além do líquido. Ele mama seu cheiro, seu amor. Ele mama a tranquilidade, mama serenidade. Ele mama segurança, mama a sua pele. Mama seu ritmo, mama o seu sentimento. E como adequar o tempo do bebê a absurda velocidade da nossa vida?

Por quantas vezes você terá que esperar seu bebê sugar lentamente seu seio, enquanto você está com fome ou mesmo vontade de ir ao banheiro? E quando depois de horas se preparando para sair de casa, o bebê quer mamar? Seio não é fast food, amiga! É aquele jantar lento, cheio de talheres, louças e tradições.

O mundo pode estar girando na maior adrenalina que seu bebê não vai estar nem um pouco preocupado. Se você está com problemas, se está sobrando ou faltando dinheiro, se o almoço está pronto, se vocês está desesperada para tomar um banho. Seu filho não se importa com essas futilidades. A única coisa que interessa é o amor líquido que vai diretamente para a barriguinha dele e logo será digerido e tudo começa novamente. Num eterno carrossel, que não tem pretensão de chegar a lugar algum.

Oferecer o seio como única fonte de alimentação do bebê é reaprender tudo que você incorporou no seu dia-a-dia de maneira automática e já nem sabe o que é viver sem. Não existe dia, nem noite. Você vai ter que se anular completamente e descobrir que por uns bons meses a sua vida (leia-se: tempo) é medida pela boquinha do seu bebê.

Para passar por essa experiência fantástica, que é um eterno abrir mão da vaidade e do egoismo (talvez egocentrismo), você precisa primeiramente desejar. Desejar a ponto de não desistir quando o seio estiver vazio e a criança gritar de fome, quando estiver cheia de sono atrasado, quando olhar para si mesma e não se reconhecer de tão exausta e descabelada.

Querer é o primeiro passo: o mais fundamental. 

Se cercar de informações é não deixar de utilizar-se das grandes invenções que estão disponíveis para nos fortalecer nos momentos difíceis, que são muitos, de quando as coisas não vão se acertando num primeiro momento. Afinal, nem você sabe amamentar, nem seu filho sabe mamar. Tem pouca gente para ajudar (efetivamente) e muitas opiniões desagradáveis.

A nossa Olívia sempre foi bem mamona. Do momento em que nos vimos pela primeira vez até hoje, por ela, estaríamos grudadas pelo mama. Ela é cheia de manias e tem um jeito de mamar bem particular.

Muitas das coisas que eu "estudei" na gravidez sobre amamentação, foram por água abaixo. Por isso, não fique em pânico se o seu bebê for diferente dos descritos por outras mamães, pela internet e pelos livros.

OLIVISSES:

A Olívia, como todos os bebês, tem seu próprio ritmo de mamadas. Nossa bebê mama toda hora, em pequenas quantidades. É o jeito dela! Isso não significa que o meu leite é fraco, pura água ou que ela esteja chupetando meu seio o dia todo.

Nossa filha prefere mamar sem estar com o rosto muito colado no meu corpo. Depois de uns meses eu decidi desistir de reproduzir a posição perfeita: bebê com a ponta do nariz e do queixo tocando a pele da mãe. Ela gosta de mamar puxando meu seio, ela estica o bico, jogando a cabeça para trás e PONTO!

Olívia reclama se eu fico toda torta na hora da amamentação. Quanto mais coluna alinhada, mais ela fica feliz. Antes eu achava que era manha. Só que pesquisando bastante, diz que o leite sai de forma mais fácil quando não estamos com o tronco inclinado para trás. Mais essa: a postura da mamãe auxilia na descida do leite. É brincadeira, viu?!? kkk... Para isso eu me cerco de travesseiros e sempre deixo os meus pés para cima usando um puff, cadeira ou coisa do tipo.

Outra coisa que ajuda bastante é a almofada de amamentação que muitas vezes funciona como um intermediário entre o corpo da mãe e do bebê. Eu percebi que para ela é bom não ficar (sempre) com o contato do meu braço, no corpinho dela. É mais relaxante (e deve ser menos dolorido) relaxar na almofada fofinha feita pela Tia Nice. Sem falar que ás vezes minha pele fica muito suada, então a almofada dá esse conforto para nós duas.

Mais ou menos três dias depois do parto, o colostro foi se transformando em leite. Eu sentia uma febre nos seios, é serio, muito estranho. É tenso demais, pq durante algumas horas, nem o colostro - que estava abundante - nem o leite. É momento que mais me deu vontade de desistir. Olívia com fome. Eu super cansada, já que os primeiros dias o sono é gigante. Minha mãe pegou uma colher de chá e me orientou a ir pingando gotinha por gotinha, que ela ia colocando na boquinha da bebê. Suuuuuuuuuuuuufrido.

Além da descida do leite, é bem comum que os seios fiquem rachados, empedrados, esfolados e judiados. Eu fiz preparação da pele, li bastante, mas nada é como a experiência em si.

Toda a orientação que tive foi para utilizar as pomadas a base de lanolina pura para o fortalecimento da pele do seio ou mesmo para a recuperação quando já está tudo "esbagaçado" sim, é assim que fica. Rachadura é muita gentileza, o negócio é feio! O que me deixou bem surpresa foi que para mim a lanolina não colaborou. Até diminuía a dor, mas deixava minha pele melada, por mais que passasse uma pequena quantidade. O pediatra pediu para que eu usasse apenas a bepantol baby. Foi bem melhor, no meu caso. A pele com o bepantol baby, ficava protegida, só que sequinha, já que a pomada depois de espalhada some.

Enquanto meu bico estava judiado eu alternava a fina camada de bepantol baby com o próprio leite do seio. Quando estava sem visita, aproveitava para ficar sem roupa. Meus seios melhoravam muito quando eu ficava sem sutiã e blusa. A pele precisa respirar. Se tranca num quarto e fique com os seios de fora, pelo menos por umas horinhas. É milagroso!

Com as rachaduras no seio e a minha pele tão fragilizada, utilizei um intermediário de silicone para amamentar a Olívia, por uns bons dez dias. A dor não some, mas diminui uns 50%. Na verdade ajudou muito também, por causa que meu bico é pequeno e a Olívia estava com dificuldade de se encontrar. Com uns quinze dias de nascida ela já sugava até, independente do bico do seio, mas logo nos primeiros dias, ela se confundia. O intermediário ajuda não só a aliviar a dor ao amamentar, mas também o bebê sugar o bico pequenininho.

As  conchas de amamentação no começo não foram muito amigas, não! O bico do meu seio ficava do tamanho do buraco de dentro. Isso me assustava muito. Era bom usar durante o dia, quando não podia ficar com os seios nus, assim era uma maneira de não deixar a pele sensível encostar no tecido da roupa. A noite como dava uma espessadas nas mamadas, meu seio ficava com um bico gigante (assustador, tipo o tamanho de uma tampa de garrafa pet) no primeiro momento minha mãe me tranquilizou e disse de algumas outras deformações momentâneas que podiam acontecer. 

Depois a Dra. Tati me explicou que no começo a anatomia do seio está se adequando a amamentação, que isso aconteceu por causa que algum duto deve ter obstruído  o que deixou o tamanho do bico umas dez vezes maior do que o normal. Aconteceram mais algumas vezes, e eu apenas ordenhava o seio, em segundos tudo voltava ao normal. A questão é que na hora que o seio apresenta qualquer anormalidade, a mulher que já está tão sensível pensa que vai ficar para sempre daquele jeito.

As conchas enchem de pressa quando o seio está produzindo muito leite, ficar levantando toda hora é complicado. Coloque ao seu lado um recipiente e uma toalhinha. Vá despejando o excesso de leite e secando a concha assim o cheiro de azedo não irá te incomodar tanto. Quando o bebê der uma trégua você lava e esteriliza tudo, essa medida é emergencial, apenas.

As conchas de amamentação são maravilhosas para proteger a pele do contato com o tecido, como dito, mas deixa o seio muito abafado. É bom usar alternando, se necessário com os absorventes descartáveis, que eu usei muito pouco. Não duram nada. Em poucas horas é preciso pegar um par novinho. Prefiro ficar sem nada. Usei os das marcas: York e Jonhson, só gostei do Jonhson, que é mais fofinho, maior e traz mais conforto.

O mamare é excelente! Fundamental. Usei escondido da Dra. Tati, que não gosta muito. Ela diz que é altamente perigoso por causa de fungos e bactérias, já que é lavável. Ela prefere o descartável. A questão é que o mamare traz um alívio imediato. Não há nada mais recompensador do que os santos discos de silicone (depois de 10 minutos na geladeira) para o seio de uma mamãe recém-nascida. É um respiro num mar de desespero. É como uma recompensa. Se seu seio está sangrando, doendo, rachado, esfolado, tudo que eu já comentei de pior  e o que você possa imaginar: compra um mamare. É sério! Antes de desistir da amamentação vá a qualquer farmácia e peça um mamare custa de R$40 a 60. É caro, mas é a força para continuar. Cuidando bem ele dura quinze dias. Mas, direitinho mesmo e com a aderência bacana só uns quatro dias. Ao invés de chá de fraldas podia ter um chá de mamare :-)

Como nada é perfeito... o mamare não permite a saída do leite, diferente do descartável. Então ele empedra o seio se usado por muitas horas seguidas. No começo como tudo, assusta, mas depois eu já até usava ao meu favor. Assim o seio ficava cheio "rápidinho" e eu conseguia ordenhar mais leite. Olívia ama um seio empedrado, estufado de leite. Para alguns bebês atrapalha: dificulta a sucção e faz o bebê engasgar. ela não está nem ai, quanto mais duro e cheio mais ela sorri com os olhinhos.

Quanto o seio empedrado, me ajudou muito as orientações da nossa doula querida Dra. Paula. Na visita que ela me fez no hospital, me disse sobre como proceder em cada situação e a santa massagem nos seios: dois dedos fazendo movimentos circulares leves e contínuos em todos os "gominhos" que ficam duros, sendo que esses durinhos podem ficar em todo o seio e até mesmo próximo a axila. Massageie-se muito, mamãe. Alivia a dor e estimula a produção do leite.

Em poucos dias tudo se torna mais tranquilo. O leite, no meu caso, foi se adequado a necessidade do bebê, e mesmo com algumas adversidades você já sabe como agir em cada momento. Logo você estará dominando que hora é melhor fazer o uso de cada item. Já que não tem motivo deixar de usar esses produtos que auxiliam muito na hora da amamentação.

As vezes eu me espantava com a quantidade de apetrechos para esterilizar, limpar, secar, guardar, mas é assim mesmo. Temos que usar o que facilita a nossa vida tão tumultua nos primeiros meses de convivência com o nosso bebê.

Por cerca de um mês eu tomei Motilium, receitado pelo pediatra da minha filha. O remédio tem como efeito colateral estimular a produção de leite. Não sei. Eu estava numa fase que fazia qualquer coisa para ter o leite jorrando, mas logo parei, não achava que trazia muitos resultados. Apesar que quando eu parava de tomar os três comprimidos por dia, meu seio demorava mais para encher. Só que me sentia mal por estar tomando um remédio. Sei lá, talvez eu mesmo não estava satisfeita com o motilium, por isso não trazia tantos resultados. Ou sei lá, se trazia. Eu preferi partir para o Chá da mamãe da Weleda (vende on-line e na Raia).

O chá da mamãe sim me fez produzir muito leite. Me trazia um conforto muito grande. Era o tempo que eu relaxava, ficava mais animada e confiante. No funfo, no fundo, eu acredito que a a amamentação é extremamente a capacidade de equilibrar o nosso estado emocional e administrar a mente, em meio ao caos. No que você acreditar que irá aumentar o seu leite, acontecerá. Afinal, se você colocar na sua cabeça que nada disso funciona... Toda essa leitura será em vão. Pensar positivo, desejar e ter serenidade.

É fundamental ter ajuda de uma pessoa que possa te lembrar o tempo todo o quanto você deseja amamentar. Alguém que te lembre isso a cada segundo e que não permita que você desista por sono, dor e desgaste. "Não me deixa desistir" devia vender no mercado e na farmácia, no mesmo lugar das formulas infantil. Sim, há muitos casos em que não é possível amamentar, mas se você tiver quem te leve sempre um copo de água, uma água de coco geladinha, um chá quentinho, um sucão natural, te ajude a fazer as refeições com legumes, verduras, proteínas e um bom pratão de arroz com feijão... Fica bem mais possível!

Minha mãe me alimentava a cada duas horas com o que tinha de melhor e mais saudável, meu pai sempre dando apoio e trazendo o melhor do mercado e hortifruti, meu marido correndo atrás de cada descoberta e produto que me trouxesse conforto e aliviasse a dor. Um paraiso! A Olívia foi amamentada praticamente por nós quatro.

Amamentação é uma coisa que não se faz sozinha! É quase impossível. 

Enorme gratidão pelos meus pais e pelo pai da Olívia: por cada cházinho, por cada alimento, por cada vez que iam buscar o mamare na geladeira, por cada minuto de dedicação, por cada momento de silêncio e só estar ao nosso lado.

É lógico que podia ser tudo mais fácil, mas quando é o nosso primeiro bebê e ele começa a não apresentar o ganho de peso esperado, como aconteceu comigo. Todo amor é pouco. 

Enfim, vencemos. Vencemos juntos! 

Aos quatro meses eu não uso mais nenhuma traquitana dessas. Olívia e eu, eu e a Olívia. Sem mais nada. Exceto a água de coco que está sempre geladinha na casa dos meus pais. 

Essa semana Olívia teve pediatra Dr. Sérgio Luis (há seis dias de completar cinco meses), Delícia da mãe com 64 cm e 6,220 kg. Só no leite materno.  Mérito meu, mérito nosso!

 QUERIDO DEUS, OBRIGADA PELA GRAÇA DE PODER AMAMENTAR A MINHA FILHA!

Então, são muitas coisas ainda por dizer sobre amamentação. Vamos falar sobre ordenha, sobre bombas extratoras de leite, como servir o leite no copinho para o bebê... Admiro que passa por esse momento sem precisar de todo esse aparato. Eu fiz de tudo! Quase desisti várias vezes. Mas, estamos aqui. Firmes e fortes. Mais um mês e Olívia entra nas papas, suquinhos e água.

"Eu quero desaprender para aprender de novo". Rubem Alves (1993)

9 comentários:

  1. Parabéns Nathália vce é exemplo de mãe aposto que ouviu milhões de vezes a frase " Dá uma mamadeira de Nan que não morre de fome" ai que ódio eu tinha dessa frase, fora as outras que é melhor nem comentar mais tenho certeza que vce sabe do que eu to falando rsrs! Adorei a parte que vce disse que achava que o seio não ia voltar ao normal, lembrei que a um tempo atrás tive que mostrar o meu pra uma amiga desesperada que não acreditava que o dela ia voltar kkkkk Mais olha aproveita bem tenho saudades até hoje de dar mamar acho que é a hora que vce se sente a super mulher, uma troca de energia entre vce e o seu bebê que não tem preço!

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    1. É, por uns meses morre a mulher e só fica a mãe...
      Estou aos poucos voltando a vida normal!
      Quer dizer... QUASE normal!

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  2. De tudo que li, escrito com tanta verdade, doçura e bom humor...me vem esta palavra que é simples...falada por muitos quase todos os dias...mas ao mesmo tempo GRANDIOSA em todos os seus sentidos: MÃE.
    Bjs querida!

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    1. é uma loucura, mas é indescritível.
      Você vai viver isso.

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  3. Que maravilha poder participar desse momento Ná
    amo vcs

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  4. Nossa, estou grávida e simplesmente AMEI esse seu texto.
    Parabéns por toda dedicação e que Deus esteja sempre com vcs!!!!!

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    1. Bom parto, Carolina!
      Felicidades e principalmente muita PACIÊNCIA. :-)
      Bjo Ná

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  5. nathalia, me identifiquei muito com a sua historia! parabens pela forca de vontade! com quanto tempo e por quantos meses voce complementou a amamentacao? como fez para retirar o complemento e ficar somente no peito?
    um abraco!! daniela

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